Sete suspeitos são presos por fraudes fundiárias e lavagem de dinheiro; investigados tiveram mais de R$ 60 milhões bloqueados
Foto – Policia Civil
Figuras como servidores de cartórios, empresários, advogados e, de forma alarmante, agentes de segurança pública (policiais civis e militares).
Uma operação de grandes proporções deflagrada nesta quarta-feira (26) pela Polícia Civil da Bahia abalou as estruturas do mercado imobiliário e do serviço público na região de Feira de Santana. Denominada Operação Cinete, a ação resultou na prisão de sete pessoas e no bloqueio judicial de mais de R$ 60 milhões em bens e valores, desmantelando uma sofisticada organização criminosa (ORCRIM) especializada em grilagem de terras, fraudes documentais e lavagem de dinheiro.
O inquérito, conduzido pelo Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), revelou que o esquema, ativo desde pelo menos 2013, era articulado por uma rede que incluía figuras de alto escalão, como servidores de cartórios, empresários, advogados e, de forma alarmante, agentes de segurança pública (policiais civis e militares).
Em entrevista coletiva, a Delegada Arislene Almeida detalhou a complexa estrutura da ORCRIM, que atuava dividida em três frentes interdependentes para garantir o sucesso das invasões e a legalização posterior das terras roubadas.
Cartorário
Responsável pela falsificação e manipulação de matrículas, criando registros múltiplos para o mesmo terreno e usando indevidamente procurações e certidões para dar aparência de legitimidade à grilagem.
Policial/Segurança
Composto por policiais civis e militares, atuava como a força armada do grupo. Utilizava o porte e posse de arma para coagir e extorquir as vítimas, garantindo que os invasores mantivessem o controle das propriedades.
Empresarial
Formado por empresários, corretores e advogados, era o núcleo responsável por invadir as terras de posseiros, ameaçá-los e, após a fraude cartorária, revender os imóveis como se fossem legítimos, abrindo novos condomínios e empreendimentos.
O Delegado Alexandre Galvão, também à frente das investigações, ressaltou o perfil das vítimas: “Inicialmente se detectou que eram terrenos de pessoas pobres, posseiros. Onde era feito a ameaça para que as pessoas deixassem seus imóveis.”
A operação revelou que o grupo não hesitava em usar de violência. A polícia identificou o emprego de coação, violência e o uso de arma de fogo. O Delegado Galvão fez uma declaração grave, indicando que a investigação aponta para a possibilidade de crimes mais sérios: “Há indicativo de prática de homicídio. Não podemos ainda informar maiores detalhes, mas é uma operação que está em andamento.”
A Justiça determinou medidas duras contra o patrimônio do grupo, autorizando o sequestro judicial de bens e o bloqueio de até R$ 6 milhões por CPF e impressionantes R$ 60 milhões por CNPJ dos investigados.
Durante o cumprimento dos 47 mandados de busca e apreensão, foram confiscados:
Doze carros de luxo foram apreendidos durante a ação — Foto: Polícia Civil
Durante o cumprimento dos 47 mandados de busca e apreensão, foram confiscados:
12 carros de luxo.
Duas motocicletas.
Dinheiro em espécie e joias.
Vasto material documental que fundamentará as próximas etapas do inquérito.
A Polícia Civil garantiu que as investigações continuarão, com o objetivo de analisar o grande volume de provas apreendidas, identificar novos envolvidos e localizar o foragido.
Há esperança para as vítimas. O Delegado Galvão assegurou que, no decorrer do processo: “Sem dúvida, sem dúvida. É possível que matrículas sejam canceladas. Em sendo canceladas essas matrículas, os imóveis podem vir voltar aos proprietários anteriores. Proprietários esses que, volto a dizer, regra geral, eram os posseiros.”
A busca por outros envolvidos em cartórios de municípios vizinhos é um dos desdobramentos esperados pela Polícia Civil.
Com informações de Denivaldo Costa (Rádio Subaé)